Ganja, diamba, maria, baseado, fininho, beck, bagulho, maconha, cânhamo, marijuana, fumo, erva. Capaz de produzir efeitos como a alteração da atividade cerebral, a secura nos lábios e no interior da boca, a dilatação da pupila e dos vasos sanguíneos que, por sua vez, resultam na explosão vermelha dos olhos. E quem não tem colírio, sabe como é.
Lá na Escócia, mais precisamente em Edimburgo, um grupo de pessoas não deu bola para nada disso e resolveu usar só o resto da cannabis, ou melhor, da hemp, para produzir óculos. “Eu tive a ideia enquanto estudava design de produtos na universidade e queria muito fazer um produto sustentável e inovador”, diz Sam Whitten, fundador da Hemp EyeWear.
Mas por que maconha? Sam diz que, depois de fazer uma pesquisa sobre a poluição dos oceanos, ficou chocado com a quantidade de problemas que a gente tem por lá. Decidiu, então, estudar sobre soluções relacionadas ao uso de resíduos fósseis na produção de plásticos. E foi assim que ela chegou. A maconha, ele descobriu, era o material mais dinâmico e sustentável que ele poderia trabalhar.
Pesquisa feita, ideia pronta, Sam precisava de grana e, nessas horas, nada melhor do que a internet. A Hemp Eyewear, ou o seu embrião, lançou campanha no Kickstarter e conseguiu quase 40 mil dólares em financiamento coletivo. Segundo ele, a escolha pelo crowdfunding se deu também pelo fato de você poder contar a sua história e seus objetivos para uma comunidade. “É claro que é mais fácil do que pedir dinheiro ao banco também”, explica.
Desde então, três modelos já foram produzidos tendo como base alguns óculos icônicos. A inspiração para a galera no estúdio de criação vem da música, principalmente dos anos 80, diz o Sam, que escutava um disco do “Air” durante a entrevista.
E a maconha também, serve de grande inspiração. Mas não por métodos convencionais. “O design clássico me inspira e a própria maconha me inspira, como um material. Eu gosto de manter a cabeça limpa quando começo a desenhar. Nosso objetivo é conscientizar as pessoas sobre a importância dessa planta, que pode ser usada tanto na produção de roupas quanto na arquitetura”.
Por Vinícius Bopprê
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