John Lennon voltava aos estúdios e gravava nada mais nada menos que o Double Fantasy, o disco que foi considerado um dos melhores de sua carreira; Michael Jackson lançava Thriller e arrastava multidões fãs do moonwalk, da jaqueta de couro e das luvas; Madonna surgia com seu debut e explodia com cinco discos que refletiam a personalidade liberal, ousada e sensual. Assim seguiu a década de 80, não só na música New Wave, como também no cinema, nas artes plásticas e, principalmente, na moda. Eram tempos de reinvenção completa, e de quebra, de todos os tipos de parâmetro.
As portas da criação estavam abertas para o mundo fashion. Com a geração ginástica, a saúde e o cuidado com o corpo vinham com tudo. No contra-fluxo do movimento dos anos 60 e 70, em que o vestuário tinha referências nas roupas largas, artesanais e inspiração indiana, a década de 80 explodiu com o uso das roupas justas, de lycra, com sapatilhas e polainas, em composição com peças excêntricas e exageradas. Prevaleciam as cores cítricas, as estampas animais e as famosas bolinhas. De certa forma, a moda vinha como a corrente de tradução de um espírito de alegria.
Nesse contexto efervescente, em 1981, nascia a Guess. Os irmãos Marciano deixavam a França, inspirados pelo movimento de liberdade, e iam para os Estados Unidos em busca do american dream. Com influências europeias, eles redefiniram o jeans a níveis globais, desde sua estreia. Um dos primeiros designs foi o modelo stonewashed slim, o 3-zip Marilyn, que teve 24 unidades compradas pela Bloomingdale’s, todas vendidas em pouquíssimas horas. Era o início de uma das maiores marcas do mundo.
Em meses, a GUESS se tornou o símbolo do lifestyle jovem, sexy e aventureiro. Com as campanhas icônicas que vieram desde a primeira coleção, ela não só inaugurou um novo cenário no mundo da moda, mas também lançou as maiores e mais consagradas modelos do mundo fashion. A primeira delas, Kathryn Redding, usou o 3-zip Marilyn na icônica foto minimalista em que havia apenas um fundo branco, ela, os cabelos ruivos esvoaçantes e o jeans. Logo depois, foi lançada nas passarelas e campanhas fotográficas do high fashion, inaugurando a tradição das modelos Guess.
Junto com Kathryn, veio Estelle Lefébure em 1986 e a top Claudia Schiffer em 89, que foi a cara da marca por muitos anos seguidos, vestindo os primeiros corsets, camisas, vestidos e camisetas nas campanhas, todos lançamentos que aconteceram ainda nos anos 80. As lentes eram imponentes desde o início também, com fotógrafos como Sidney Baldwin, Wayne Maser e Ellen Von Unwerth, que revelou Claudia para o mundo. “Uma coisa que Paul Marciano e eu temos em comum é o amor pelas incríveis deusas da tela e seus filmes italianos dos anos 50 e 60. Isso foi muito inspirador quando tentei criar novos ícones para as campanhas GUESS”, dizia Ellen.
Não eram só as lentes das câmeras que eram imponentes, mas também as da GUESS Eyewear, que começava a aparecer na cena. A moda óculos da década veio com uma junção de tendências e seguiu a pluralidade que tomava conta da produção cultural da época, com uma paleta de cores extensa nas armações e uma variedade de materiais e formatos quase que infinita. O wrap around, modelo que contornava o rosto e se encaixava de acordo com a anatomia, virou febre e se estendeu até meados dos anos 90. Mas marcantes e características mesmo foram as lentes espelhadas, que nos últimos anos têm sido revisitadas, voltando com muita força também nas novas linhas Guess Eyewear.
Nas campanhas, os óculos foram, inclusive, essenciais para a composição das cenas que traziam o espírito de liberdade que a marca queria transmitir. Nos ensaios de Carla Bruni em 1987, Emma Warg em 88 e nas primeiras aparições de Claudia Schiffer nos anos seguintes, lá estavam eles. Para entender esse espírito nada melhor que o vídeo resumo da Guess sobre a década que, na área política foi rotulada como perdida, mas que na moda com certeza foi cheia de criações.